Música, lágrimas e reconexões: como foi a 18ª edição do Festival Coquetel Molotov

Depois de quase dois anos sem realizar encontros presenciais, o evento retornou ao Teatro Guarapes, em Recife nos dias 13 e 14 de novembro. No line up, nomes como Marina Sena, Lia de Itamaracá, Mateus Aleluia, Boogarins, Céu, Romero Ferro, entre muitos outros.

Texto Jorja Moura
Foto Tiago Calazans

O Coquetel Molotov, mais uma vez, se torna vanguarda, agora sendo o primeiro do estado de Pernambuco a retornar presencialmente, seguindo todos os protocolos recomendados pela OMS, que já foram tratados desde a entrada do público no Teatro Guarapes. Além de toda a equipe atenta ao público, lembrando sempre sobre o uso da máscara, e reforçando a importância dos procedimentos de segurança. A 18ª edição do evento aconteceu no final de semana dos dias 13 e 14 de novembro.

A dobradinha especial para o evento – a banda goiana Boogarins e a cantora paulistana Céu – deu início a programação pontualmente às 18 horas. Além de canções dos álbuns Manchaca Vol. 1 e Manchaca Vol. 2, lançados durante a pandemia, o repertório do show contou com alguns dos seus sucessos já conhecidos, como “Sombra ou Dúvida”, “Doce” e “Foi mal”, apresentado em uma versão com vocais adicionais da Céu. Ao olhar ao redor o público, todos já sentiam um certo frisson, afinal, pela primeira vez em quase dois anos estávamos assistindo um show ao vivo. Ninguém se conteve de emoção entre coros, aplausos e gritos ovacionando os artistas.

Foto Hannah Carvalho

Os shows seguiram com a presença ilustre e renomada do músico Mateus Aleluia, nascido em Cachoeira, no Recôncavo Baiano. “Invoquemos a presença da majestade superior. É um momento difícil que o mundo vive. Mobilizemo-nos”, convocou o artista, antes de puxar os primeiros acordes de “Cordeiro de Nanã”. 

Foto @fazemos.art

Dando continuidade ao primeiro dia, a paraibana Luana Flores entra no palco acompanhada de Jéssica Caetano. As duas lançaram a “braba” no teatro, fazendo todes dançarem em uma mistura de ritmos eletrônicos, com referências à música tradicional da Paraíba e Pernambuco.

Foto Tiago Calazan

E por último, mas não menos importante, como uma forma de entidade viva, a Rainha da Ciranda, Lia de Itamaracá, sobe ao palco e contagia todes pela força do seu canto. A cantora, que já é considerada Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco, acalentou o coração do público, com seu ritmo único, que mistura ciranda, coco de roda, e um toque eletrônico, remetendo ao movimento manguebeat. 

Foto @fazemos.art

Pelo segundo dia, todes ali presentes já estavam retomando às conexões presenciais. Localizada na área externa do festival, a praça de alimentação foi base para esses encontros e reencontros de muites. Por lá, Jorja conversou com os meninos do Vida de Clubber – página no Instagram no qual ela também é integrante, que serve como uma comunidade que conversa sobre moda, cultura clubber, close e a cena eletrônica, com um toque de humor. 

O projeto, que foi convidado pelo próprio festival e realizou uma cobertura em suas redes, conta ainda com um podcast, o VDC Cast, disponível nas plataformas de streaming. As DJs locais Sarah Blackbird e Cláudia Summer também estavam presentes, contando sobre toda essa experiência de retorno. “É uma alegria imensa voltar aqui, assistir aos shows e se emocionar com esses artistas tão fundamentais, além de reencontrar amigues e pessoas, que já vivi tantas histórias maravilhosas no Coquetel Molotov”, conta a DJ e produtora cultural Cláudia Summer. 

Abrindo a programação do segundo dia de evento, a banda Mulungu realizou um show baseado no seu álbum lançado este ano, O que há lá, e contou com participação especial do artista pernambucano Pierre Tenório. A performance encantou toda a plateia, com sons que misturam rock psicodélico, bases eletrônicas e percussão que remete aos anos 70s da disco music

Foto Tiago Calazans

A segunda atração da noite, Luiz Lins trouxe um show confessional com os seus hits – “Eu tô bem”, “A música mais triste do ano” e “Sem você”. O artista pernambucano fez o coração de todo mundo bater mais forte com suas melodias e letras intimistas, incrementadas com um toque de R&B, uma dose de rap e temperadas com batidão romântico. 


O Coquetel Molotov proporciona experiências únicas. Depois de um show delicado e apaixonante do Luiz Lins, quem sobe ao palco é o artista pernambucano, Romero Ferro. Com um show pop dançante, recheado de coreografias, fez todes cantarem o coro de sua versão cover de “Você vai ver”, de Zezé di Camargo e Luciano. O cantor ainda fez parceria com a cantora e performer, Mun Há e Jáder – vocalista da Mulungu. Onde entoaram junto com a plateia a potente “Quem vai salvar?”.

Foto Tiago Calazan

No final da apresentação do Romero Ferro, já se observava entre todes uma grande tensão, empolgação e ansiedade pela headliner da noite. 

Encerrando o festival com grande estilo, a mineira Marina Sena sobe aos palcos e domina toda a plateia presente, com sua voz, seu ritmo e seu gingado ao vivo. A primeira vez em que a cantora se apresentou no Coquetel Molotov foi em 2019, com a banda Rosa Neon. Agora ela encanta o público com os seus hits “Por supuesto”, “Voltei pra mim” e “Pelejei, de seu álbum De primeira, além do sucesso “Ombrin”. “Vir solo, como ‘patroa’ do negócio, é melhor, mais gostoso”, falou. “É um orgulho representar o sentimento de tantas mulheres, de tantas pessoas.” 

Foto @fazemos.art

Ao final do show, em uma coletiva de imprensa exclusiva para apenas cinco jornalistas, Marina emocionada conta que está vivendo um sonho. E entre as perguntas respondidas, ela conversou com Jorja Moura que estava muito feliz com a sua primeira capa de revista na Balaclava e como é divertido ver que sua música alcançou tantas pessoas aqui no nordeste. O Festival Coquetel Molotov, mais uma vez, é uma apoteose para todes presentes, e trouxe um pouco do gostinho do que é voltar a conectar as pessoas por meio da música.

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