Tudo sobre o single “Hermanas”, parceria das Irmãs de Pau com Jup do Bairro

De olho nelas! Vita Pereira e Isma Almeida, as Irmãs de Pau, ao lado de Jup do Bairro, uma das suas maiores referências, proporcionaram um delicioso e divertido encontro de gerações. Nós convidamos as artistas para uma troca de perguntas, veja como foi:

Texto Pétala
Foto William Gomes 

Imersas na produção do seu primeiro disco, Dotadas, que chega ainda este ano, Irmãs de Pau, dupla formada pelas multi artistas travestis Vita Pereira e Isma Almeida, apresenta a segunda amostra do trabalho, o single “Hermanas”, um feat com Jup do Bairro. A música, lançada na última sexta-feira, 20.8, conta com produção de BADSISTA e Mu540. A faixa, sucessora de “Travequeiro”, lançada em abril deste ano, mostra a versatilidade das artistas, que agora se aventuram no dancehall e até no reggaeton.

A escolha do feat não foi por acaso, Jup do Bairro é ídola de Isma e Vita. Proporcionando um delicioso encontro de gerações, as artistas comentaram a parceria em divertida troca de perguntas: 

Irmãs de Pau para Jup do Bairro

Nega, quem dá afeto ou se afeta por uma mulher de pau?

Jup do Bairro: Eu costumo dizer que venho construindo a minha sexualidade a partir do encontro com quem está realmente disposto a se envolver com o meu corpo. Se o desejo é uma construção, também podemos destruí-lo. Então eu afeto e me afeto com quem me deseja, às vezes a materialidade desse corpo pode não ser exatamente o que imaginei ou construí, e é daí que começo a reivindicar o amor mesmo que seja um amor outro, mesmo sem saber o que amar.

O que um corpo sem juízo precisa fazer quando a vida lhe cobra um pouco de juízo? Estamos nos sentindo nessa fase agora.

Jup do Bairro: Um corpo sem juízo não significa um corpo sem cuidado, sem responsabilidade ou sem atenção. Um corpo sem juízo é justamente o contrário. É um corpo em dúvidas, aberto a possibilidades, um corpo atento a seu tempo, às urgências, um corpo que não se satisfaz com a história que foi contada, um corpo contraditório, que contraria as tradições, um corpo com sede, com fome, outra fome. Um corpo que se ouve, um corpo que pede ajuda, um corpo que sente.

Jupona, como foi o processo de produção de “Hermanas” para você e quais as expectativas para um dos melhores lançamentos do ano, hein? (risos)

Jup: Além de serem alguns dos dias mais divertidos do ano pra mim (a composição e a captação do clipe), foi um momento muito gostoso de troca e aprendizado. A música está muito divertida, tem muito do que escrevia quando conheci as meninas e tenho certeza que essa vai bater! (risos).

Jup do Bairro para Irmãs de Pau

Vocês estão prestes a lançar o primeiro álbum de vocês, o “Dotadas”. O que podemos esperar?

Vita: Dotadas é um presente para nós mesmas, pois abordamos nossas histórias em diferentes gêneros musicais. Nós somos o novo momento e vocês sabem disso. Ouçam nossos passos, por que estamos chegando.

Isma: Entregamos tanto de nós, compartilhamos momentos incríveis da nossa experiência como travas periféricas. Vamos explorar diferentes sensações, do funk ao gospel, do dancehall ao paredão, da putaria a profecia… A intenção é tocar em diferentes partes do seu corpo! (risos).

Uma vez a Potyguara Bardo me disse “Você não termina uma música, você desiste dela” no sentido que deixar, estamos sempre querendo mexer em algo, mudar alguma coisa. Como é isso no processo de vocês?

Vita: Acredito que realizo esse processo. Sou muito desapegada. Sempre quando termino de compor, fico me ouvindo e tentando cantar de diferentes formas meus escritos. Depois que realizo esse processo, percebo que um som está “finalizado”. Para mim, esse processo de faixa só termina quando ele cabe em diferentes formas na minha boca.

Isma: Acredito que tudo pode ser melhorado e aprimorado sempre, e estamos buscando dar o máximo de tempo possível para cada projeto, nem sempre dá, mas estamos aprendendo muito.

“Hermanas” conta com a ilustríssima participação da grande e talentosa artista Jup do Bairro. Com quem mais as Irmãs de Pau sonham com uma colaboração?

Isma: Eu sonho muito em gravar com a MC Carol, queria compor com ela!

Vita: São tantas pessoas que gostaria de gravar, mas fico com elas Tati Quebra Barraco y Deize Tigrona.

Gostou? Temos também essas outras matérias

Nos horizontes de Saskia

A artista recusa e atualiza o gentílico “gaúcha”, plana por rotas tortas e dá vida a uma nova persona artística no EP Quarta