toe no Brasil: Hugo Noguchi entrevista Yamazaki Hirokazu

“Não conhecemos muitas bandas brasileiras, mas gostamos bastante de Sepultura, porque éramos fãs de extreme metal no ensino médio”.

Texto Hugo Noguchi
Foto Rodrigo Gianesi

Entrevista publicada pela primeira vez na segunda edição da Revista Balaclava, em abril de 2018. 

“Conheci eles em 2011, por meio de amigos e uma ex-namorada, e minha cabeça explodiu! Apesar de ter uma relação muito forte com a música brasileira, a música japonesa é muito importante para mim. Tem alguma sensação que eles conseguem passar que é só de lá. Tenho toda uma brisa com isso, até fiz uma música instrumental (Bouken) com a SLVDR sobre isso. Já escutava algumas bandas que ficaram famosas por causa de anime, como a Asian Kung-Fu Generation e Orange Range – que são legais –, mas o toe abriu uma nova cabeça. Me levaram para esse outro lugar do lance instrumental, fora de mercado, voltado para sentimentos e ideias. Fiquei fã de Special Others e Mouse on The Keys – acho foda porque não tem letra. Meu japonês é meio porco, então parece que consigo me conectar com alguma coisa que tá meio perdida no meu inconsciente, lá no meu passado e transcende a barreira da língua. Com certeza é uma das bandas da minha vida. Sem contar que é uma grande influência esteticamente, seja de harmonia ou arranjo,  eles colocaram elementos do noise nas músicas. Ainda tem o lance da bateria cantando, coisa que a Larissa faz muito… o jeito de acompanhar com o baixo, pego muito de lá.” – Hugo Noguchi.

Vocês colocaram rap no “Hear You”, certo? De quem é aquele som?

De um MC japonês chamado 5lack.

Todos os integrantes da banda curtem rap?

Não sei… (Risos).

É porque eu vi Yama-san com uma camiseta do Run-DMC.

Ah, sim!

O que vocês acharam do Brasil?

Não tivemos tempo de passear, por isso não sei dizer muito sobre o país, mas claro, gostaríamos de conhecer melhor da próxima vez. Sobre o público, ficamos muito felizes que todos gostaram e se emocionaram.

toe é uma banda que influenciou muitas bandas do mesmo gênero no Brasil, mesmo sendo de um país tão distante. O que vocês acham disso?

Fizemos nossa primeira turnê internacional em 2007 ou 2008, no começo era só na Ásia. Naquela época, nossos discos nem eram vendidos nos países em que a gente ia, então foi muito surreal ver que uma galera conhecia nossa música. Depois percebemos que o público consegue ter acesso aos lançamentos sem atraso no mundo inteiro pela internet, então, hoje em dia, não achamos tão diferente. 

Mas deixando a tecnologia de lado, no quesito emocional, o que vocês sentem quando veem que pessoas de um país tão distante amam suas músicas?

Como posso dizer… Quando éramos mais jovens, fomos influenciados por algumas bandas americanas, por exemplo, e não pensamos tanto sobre a distância. Não é como se fosse legal porque é de um determinado país, entende? Claro que ficamos muito felizes, mas não ligamos tanto sobre o fato de ser de um país ou outro.

E que bandas americanas vocês gostavam quando eram mais novos?

Deixa pensar… Guns’N’Roses (Risos).

Vocês conhecem a música brasileira?

Não conhecemos muito, mas gostamos bastante de Sepultura, porque éramos fãs de extreme metal no ensino médio. Ainda gostamos muito.

E grindcore?

Não sei, acho que não muito. Era mais power metal.

Ouvi falar que tem muitas garotas montando bandas no Japão. Aqui no Brasil também, mas nem tanto. 

Tem algumas, mas não são muitas. Eles não ensinam música para se tocar em banda nas escolas.

A entrevista foi feita em inglês e japonês, contou com tradução de Danilo Kato @danilokato. 

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