Se juntas já causa, imagina juntas

Larissa Conforto e Luccas Villela discutem assuntos conhecidos e outros nem tanto. Leia o bate-papo da dupla a seguir:

Texto Isabela Yu e Helo Cleaver
Fotos Filipa Aurélio e Isabela Yu

Bate-papo publicado pela primeira vez na edição de estreia da Revista Balaclava, em novembro de 2017.

Larissa Conforto: Amigo, o que você tem escutado? 

Luccas Villela: Vou puxar os nomes pelo Spotify – minha cabeça não funciona mais. O aplicativo é um ambiente prolífero musical, apesar de predatório. Descobri uma banda de nome moderninho, chamada Helvetia, tem uma pegada meio Alex G, tipo indie bunda mole, sabe? Meu lado pau de nhoque. 

LC: Nunca escutei essa gíria antes, ou uma música assim. 

LV: Ah, é aquele som indie farofa, meio lo-fi. Seguindo essa linha, porém um pouco mais interessante, tem a Big Thief – projeto de uma menina que canta absurdos. As letras tem um lance Elliott Smith, são deprês, mas concisas. De rock tem o Slow Mass, uns caras novos dos EUA, mas que tocavam em outras bandas famosas do underground – não conheço nenhuma. Agora fala você. 

LC: Ah não, a mesma pergunta não dá. Teve algum Bananada que você não participou? 

LV: Não participei do de 2015. Toquei em 2014 com o Lisabi, em 2016 com o Supercordas e esse ano com o E a terra. Acho que essa conversa não está uma troca legal. Você já tocou em outra edição do festival? 

LC: Toquei em 2016 com a Ventre. Choveu muito, achei que foi meio burro da produção não colocar um palco coberto, se chove naquela época do ano. 

LV:  Fica a dica. Eu estava, o palco de vocês era em um descampadão e choveu pra chuchu. 

LC: Tive uma ideia: por que a gente não troca nossos discos? Você me dá 10 e eu te dou 10. Acho esse assunto ótimo. 

LV: Nossa, vai rolar muita maldade gratuita agora! Vou introduzir. Tem um grupo no Whatsapp que se chama rock. Não ‘rock’, mas “roqueeee”, onde estão as principais bandas do mainstream underground. Posso dizer assim? 

LC: Top 10 do novo rock nacional, um grande cartel. Afinal, o Instagram da 89 tá muito ruim, tem que fazer uma invasão.  

LV: Ah, é o pessoal que “dita”a regra do rock nacional agora. Bandas como Supercombo, Far from Alaska, Scalene, Medulla e até o Dinho Ouro Preto. Estou esquecendo alguém. 

LC: Eles marcam uma reunião por semana para discutir os termos da grande união. Um dos termos é trocar discos. Você me dá dez discos seus, eu te dou dez meus, a gente coloca na banquinha e ganha dinheiro. Você vende os meus, se vira, mesmo se a música for uma merda. Tem até ata de reunião. 

LV: Saí do grupo logo que o Dinho entrou porque eu só conseguia pensar na foto dele com o juíz Moro. A Lari brilhou nesse episódio. Ele entrou e escreveu um pequeno texto ufânico sobre a música nacional – o quanto somos significativos para a cena, tipo Power Rangers. O pessoal deu boa vinda pra ele. A Lari foi lá e disse: “Dinho, seja bem viado”. Ele disse que ia tentar ser e falou “rs”. 

LC: “Se vocês estão vivos então o rock também está”. Eles me amam, mas é porque vocês não viram meus outros grupos de Whatsapp. Quantos grupos você tem?

LV: Não tenho muitos, só um com minha família. Mas é aquela coisa política, às vezes é complicado. Tenho um E a terra e Ventre para resolver coisas burocráticas. Tipo, cadê minha caixa? 

LC: Acho que o Theodoro deixou em casa no dia em que estava passando meio mal. 

LV: Ele tem um probleminha de azia. 

LC: Acho que não tenho esse problema por ser vegetariana. 

LV: Ah, é que o Lucas Theodoro gosta de comer lixo, beber muito e dormir pouco. A gente gosta de ir no McDonald’s. 

LC: Qual hambúrguer você seria? 

LV: Seria o Big Tasty, sou grande e saboroso. O que você almoçou hoje? 

LC: Comi em um vegetariano, na Ana Rosa, com a Papisa. Você cozinha? 

LV: Comi torrada com requeijão de almoço hoje. Fiquei com preguiça, mas cozinho todos os dias. Comprei um tabletinho de curry que consigo misturar em tudo. Acho que não tenho um carro chefe, sou uma pessoa que improvisa. 

LC: Você gosta de improvisar? 

LV: Acho que a gente tem que gostar de improvisar, nós, como bateristas. 

LC: Isso reflete na sua persona. 

LV: Com certeza. Mas sempre compro a mesma coisa no mercado. Gosto muito de vagem, excêntrico, né? Gosto de ervilha torta, mas acho que essas coisas podem ter outro nome, como a mandioquinha que chama batata baroa no Rio. 

LC: Comi tudo isso hoje. 

LV: Sei fazer aquele chili vegetariano como daquela vez que ficamos na sua casa do Rio. 

LC: Sim, vocês compraram feijão de lata. 

LV: Normalmente eu faço o feijão, mas sim. Comemos muito. 

LC: Vocês sabiam que a primeira vez que ele foi em casa – eu não estava? 

LV: Sim, ela deu a chave. Mas não foi que eu entrei dando bica na porta, estava com o Lisabi, foi em 2014. 

LC: Eu fiquei em Petrópolis aquele dia, talvez seja janeiro de 2015 – a Ventre ainda não tinha disco. 

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