Na segunda edição do nosso podcast, conversamos
com a multi-artista Luísa Matsushita,
mais conhecida como Lovefoxxx,
vocalista da Cansei de Ser Sexy.
Texto Isabela Yu e Heloisa Cleaver
Foto Eduardo Urzedo
Viva todas as esquisitonas, maluconas, criativonas, manas e monas! Conversamos com Lovefoxxx na segunda edição do #Balacast, e você já consegue escutar em todas as plataformas. Como vocalista do Cansei de Ser Sexy, a artista viajou o mundo com as melhores amigas para tocar música e o terror nos maiores festivais do mundo. Quando completou 30 anos, Love decidiu que queria fazer algo muito sério: optou por mudar radicalmente de vida, se aprofundou nos ensinamentos da agrofloresta e construiu a própria casa.
Não foi um processo fácil, como ela conta na entrevista, mas que não para de dar bons frutos. No ano passado, muitas pessoas buscaram refúgio fora da cidade para enfrentar os meses de isolamento. Olhando pra nossa conversa, vemos como, de certa forma, a artista antecipou o desejo de muita gente – inclusive o nosso – de se conectar com a natureza, ser autossustentável e ter um dia a dia consciente. A jornada eco friendly começou nos primeiros anos da década passada, e desde 2016, vive no litoral de Santa Catarina, em Garopaba.
Sim, ela teve um trabalhão para montar tudo, mas valeu a pena, como acompanhamos na rotina de Love nas redes sociais. Porque além das tarefas diárias na manutenção do espaço, faz quadros, diferentes tipos de arte e continua escutando muita música. Inclusive, participou do disco Letrux Aos Prantos (2020), segundo trabalho da Letrux. Pussy power que chama? Elas cantam a faixa “Fora da Foda”. Escute.
Depois de conversar com a Love, fica difícil não se sentir inspirada pela sua coragem e também por seu alto astral. Seja na cidade, no mato, não deixe de ser honesta e fazer o que você quiser. Tenha coragem para mudanças. Tanto na entrevista com a Love, assim como no bate-papo do Balaclava Digital com a Ana Rezende e a Luiza Sá Davis, do CSS, fizemos uma pergunta que surgiu do Twitter. Esperamos que as histórias possam inspirar uma próxima década mais livre.
Da @untouch3d: “Eu sempre fui uma esquisitona e me sentia mal por nao se encaixar, depois do css taquei o foda-se e comecei a me sentir bem por ser esquisitona. Como você se sente em relação a empoderar uma galera antes mesmo dessa palavra entrar na moda?”
Lovefoxxx: “Fico muito feliz, nunca imaginei. A gente nunca teve essa missão, mas só o fato de alguém se ver representado, acho muito importante. Difícil a gente se permitir certas coisas, então você vê lá uma pessoa esquisita, que poderia ser a sua amiga da escola, você se identifica. ‘Eu também posso’. Sério, quando eu tinha uns 13 anos, não via nenhuma japa batendo cabelo. Meu pai me deu um CD da Vanessa-Mae, uma chinesa violinista e era o que tinha. Então fico muito feliz de ter feito isso por alguém, algo para as pessoas se sentirem mais livres. Eu brigava com todo mundo na rua, respondia, sofria bullying na escola. Mas me deu força, né? Hoje vejo que tira muita energia, mas eu estava sempre combatendo, sempre fui riot”.
Ana Rezende: “Vou falar por mim e pela Luiza, a gente é gay, e isso já era uma coisa fora da ‘normalidade’. A gente já vivia uma vida que não se encaixava em um padrão, que era essa coisa esquisitona. Nos encontramos na vida. Eu, Luiza, Love e Carol, temos essa coisa em comum. A gente se admira muito, dividimos essa coisa de ver no outro algo que não é o que as pessoas acham normal ou que ela tem que ser de um jeito ou de outro. Essas esquisitices são coisas incríveis. A banda deu a confiança pra gente ser quem a gente é, e do jeito que a gente é. A gente é muito genuína, nunca tentamos ser quem a gente não era, então isso pode ter ressoado com outras pessoas. Ver na gente, algo como ‘seja quem você é’, até porque não é legal não ser uma pessoa genuína, importante ter diferença de padrões. Falamos muito sobre isso hoje em dia, mas a gente teve que se encontrar no cinema, na música, em ídolas, em pessoas que a gente admirava e afirmaram isso pra gente”. 🙂