A rapper se destacou entre 30 mil artistas do mundo todo para conquistar a América como uma das três vencedoras do Vans Musicians Wanted 2021
Texto Isabela Yu
Foto Tauana Sofia
“Precisava ganhar alguma coisa para afirmar que a minha carreira era real, que não estava delirando e que não ia morrer na praia”, conta Joy Sales sobre o sentimento de ser reconhecida entre 30 mil artistas do mundo todo. Em sua segunda edição, o Vans Musicians Wanted 2021 bateu recorde de inscrições e coroou três talentos de cada região de atuação no planeta: a rapper paulista representando as Américas, o produtor irlandês Lemonade Shoelace na Europa e, diretamente da Ásia, o grupo coreano Q the Trumpet.Os vencedores foram premiados com produtos da Vans, equipamentos Kramer, além de aparecerem nas playlists e plataformas da marca, e dividirem o palco com o músico britânico YUNGBLUD, em uma noite realizada no final de março na House of Vans da Cidade do México.
Somente na etapa nacional, Joy se destacou entre 5 mil pessoas que também buscam o sonho de viver de música. Após um período depressivo durante a pandemia, aos 33 anos, ela estava pronta para desistir até ser finalista da competição. “A gente já faz muito sem recurso, e reconhecimento, uma hora a gente precisa da validação para dar os próximos passos. Foi determinante na minha vida”, explica. Neste ano, a artista deve lançar dois singles, além de possíveis feats e deseja levar o seu projeto de hip hop e jazz para o estúdio.
Entre os ídolos da cantora estão nomes de estadunidenses como Erikah Badu e A Tribe Called Quest, nacionais, entre eles Criolo, Racionais MC’s, Sabotage, e grandes vozes femininas – Juçara Marçal, Elza Soares e Etta James. “Tento incorporar a força Etta James no meu trabalho. Ela viveu abandono paterno e foi negada. Teve muita dor envolvida para lapidar aquele diamante. As mulheres potentes são referência total”, diz a compositora.
Inspirada pelo hip hop, r’n’b e jazz, Joy começou a rimar em 2013 após entender como criar melodias para a sua escrita. Criada em Mauá, na região do ABC, ela é a mais velha de seis filhos, e passou a adolescência frequentando igrejas da periferia. Sem dúvidas, a música foi a sua primeira forma de terapia: “Fiquei muito tempo quieta até criar poesia a partir do desabafo. Não comecei a minha arte com técnica, mas com a emoção que precisa ser externalizada. Demorei muito tempo para superar o abandono paterno e outros abandonos estruturais. Sou fruto da minha vida até aqui”.
Com quase dez anos de trajetória na música, a artista quer conquistar novos públicos e se apresentar em palcos ao redor do mundo. Acima de tudo, Joy Sales quer se comunicar e se conectar com as pessoas que também sentem e reconhecem a urgência de suas palavras. “Será que a galera vai sentir as minhas reivindicações? Não importa se é pra 10 mil pessoas, brasileiro ou não, quero dar o meu melhor sempre. A música é uma tecnologia muito completa porque atravessa a pessoa de todas as formas”, pontua.
Após passar por períodos onde chegou a duvidar do seu próprio talento, a rapper teve a comprovação de que a sua mensagem ultrapassa barreiras linguísticas e geográficas. O evento na capital mexicana foi apenas a primeira parada de um horizonte repleto de possibilidades. “Quero tocar em festivais que nunca tive oportunidade e dinheiro para ir, quero abrir portas com a minha arte, afinal é ela que conduz a minha vida”, finaliza.
* Conteúdo apresentado por Vans